segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Imaculada

Mãe, que serei eu senão explosão cósmica?
Poeira dispersa
Estrela esquálida
Mente confusa

Impressão imprecisa?

Mãe, diga-me quem sou
Porque já fui a esmo e hoje continuo
Abra as eclusas e me jogue na corredeira
Que é pra ver se eu desperto

Mãe, como um apontamento, um romance, uma paisagem
Talvez eu seja uma questão de tempo.
Uma lápide lisa esperando a inscrição.
Um anúncio aguardando o título e o ponto final.

Mãe, volta e vem me dizer quem sou e como escapo
De ter o coração partido em mil pedaços
Como um vaso de vidro vazio.

Mãe, os dias são uma ânsia desesperada
Por um instante de agonia ausente
Por um lenço na lapela
Uma rosa no cabelo.

Mãe, volta pra casa e me ensina matemática.
É pro concurso
Pra lista do mercado
E pros dias do mês

Porque me perdi nas contas e a calculadora estragou.

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